terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

"Elogio ao amor"

Já que o dia 14 de Fevereiro, seja lá o que isso for além de uma grande empresa de marketing, está próximo, aqui fica a minha homenagem ao AMOR...

ELOGIO AO AMOR - Miguel Esteves Cardoso in Expresso

Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra.·O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal.Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.

6 comentários:

Anónimo disse...

maninha...ja justificavas o textinho,n?! ;P

mia

"PS_ I love u"

Anónimo disse...

Minha querida amiga, já te disse para vires para Bragança, por aqui o amor flui muito melhor ;)
Bjs e o "bando cá de cima" continua á espera de uma visita tua.

Anónimo disse...

Ah! Só para lembrar:

Páscoa-Madrid-Barcelona
Já foi decidido no fim-de-semana passado na reunião mensal da associação de artesanato, que para variar a minha querida não apareceu. Já preenchi a tua inscrição e para não sair do tema, despeço-me com "UM VIVA AO AMOR"

Anónimo disse...

Bárbara o amor faz sorrir, faz chorar, sonhar, magoar, mas sobretudo faz crescer. E eu não tenho duvida da tua grandiosidade como pessoa e como profissional.
Tudo de bom!

Tsuki disse...

Bem...tou a ver que preciso de falar de "AMOR" mais vezes, ou não :P
Beixinhos gands pa todos e maninha...não há justificações pa o que não se pode justificar :P
"I LOVE YOUUUUUUUUUUU"

saramsilva disse...

o amor na sua essência..na sua forma sublimemente simples, sem complexos, mas com muitos reflexos quotidianos..

ás vezes o amor pode ser só uma forma de estar perante a vida, ou uma forma de ver a vida ;)

o resto são acrescentos conscientes e que perdem a espontaneidade quando a racionalidade vem ao seu mais alto nível..em oposto com a loucura permanente e que nos leva a fazer coisas "que nem aos deuses interessa" ;)

B* ET!!